domingo, 15 de abril de 2012

o menino que lia demais

(25-08-06)

O menino que chora
Agora
O impensado
Ouve, pouco amargurado
Os efeitos de sua psicologia de jornal
Sua leitura extensa
De vã análise
Torna-se agora seu tombo da escada
O menino que lê sempre,
(E agora deve ouvir com atenção)
Não sente, senão um vácuo de compreensão
O menino que lê sempre muito
Agora ouve.
O menino ouve ou não ouve?
Ouvam vocês também!
Os dicionários não estão corretos
São tão incertos...
Não traduzem a linguagem falada do povo!
Mas o menino que lê sempre muito mais que os outros,
Sabe a diferença entre a fala da elite (que escreve certo até no pensamento!)
Da fala aperreada da gente.
O menino que lê muito
Lia muito até subir às estrelas
Ficava lá do alto
Pensando em poetizar as coisas altas da vida (!)
Prédios não são pálio para ele!
O que é alto demais quando se pode chegar às estrelas?
 E nessa altura,
Pode-se subir em galáxias distantes,
Conhecer a linda constelação de Órion!
E conhecendo as estrelas,
Não se pode deitar no chão.
Não se pode cheirar a terra.
Não se pode ver o mar.
Não se pode namorar a Lua que se estende sobre nós...
Só se pode parnasianar (aguadamente) sobre vasos e jarros chineses.
Seguir a métrica de um sexteto
Mas aí o menino cai no chão!
-          Ai! Não! Ralou-se todo!
-          E por que menino sucedeu-se esse tombo desastroso?
(PAUSA)
-          Ora, vejo menino que nem se deste conta do acontecido. Ficaste a pensar lá no alto, diante das estrelas e nem percebeste que tua veste está rota?? Que suas mãos estão sujas de terra do povo?? Oh! Parnasianaste demais, e ao tentar subir os mais altos degraus,
Caíste em contradição...
Ao julgar os poetas da vida,
Aqueles que são trabalhadores, agricultores,
Aqueles que constroem casas.
Porque entendeste que os merecedores da poesia
São somente os leitores de Freud e muitos compositores de críticas comportamentais,
E aqueles que, com muito mérito, entendem bem a psicologia de jornais.

-          Denise Vazquez Manfio
-          Colaboração de Thaís Ferraz