domingo, 28 de novembro de 2010

os pés descalsos do Rio - criminalização da pobreza, limpeza étnica, Estado autoritário, etc

violência é caso para inteligência

Quero conversar com os demais deputados para chamar a atenção para algumas coisas que fogem a obviedade. É claro que a situação no Rio é uma situação delicadíssima, inaceitável. Todos nós sabemos disso, mas cabe ao Parlamento um debate um pouco mais profundo, do que necessariamente faz, ou fazem os meios de comunicação. E, nesse sentido, quero pontuar algumas coisas. Primeiro, a venda fácil da imagem de que o Rio de Janeiro está em guerra. Quero questionar essa ideia de que o Rio está em guerra.

Primeiro, que as imagens, as armas, o número de mortos, tudo isso poderia nos levar a uma conclusão da ideia de uma guerra. Mas, qual é o problema de nós concluirmos que isso é uma guerra, de forma simplista? Não há elemento ideológico: não há nenhum grupo buscando conquistar o estado. Não há nenhum grupo organizado que busca a conquista do poder por trás de qualquer uma dessas atitudes. As atitudes são bárbaras, são violentas, precisam ser enfrentadas, mas daí a dizer que é uma guerra, traz uma concepção e uma reação do Estado que, em guerra, seria matar ou morrer. Numa guerra a consequência e as ações do Estado são previstas para uma guerra. Hoje, inevitavelmente, o grande objetivo é eliminar o inimigo e talvez as ações do Estado tenham que ser mais responsáveis e mais de longo prazo. (Foto de Sebastião Salgado)
É preciso lembrar que existem outras coisas importantes que temos que pensar neste momento. Primeiro, não precisa ser nenhum especialista para imaginar que as ações das UPPs teriam essa consequência em algum momento. Não precisa ser especialista para fazer essa previsão. Era óbvio que em algum momento, ou no momento da instalação, quando não houve, ou num momento futuro, uma reação seria muito provável. Então, era importante que o governo estivesse um pouco mais preparado    para esse momento. Dizer que está sendo pego de surpresa porque no final do ano está acontecendo isso não me parece algo muito razoável, porque era evidente que isso poderia acontecer.
Neste sentido, seria fundamental que, junto com a lógica das ocupações – eu não vou aqui debater sobre as UPPs, mas tenho os meus questionamentos –, acontecesse o incremento de um serviço de inteligência. Na verdade, o governo do Rio de Janeiro investe muito pouco no serviço de inteligência da polícia, investe muito pouco na estrutura de inteligência.

Vou dar um exemplo. Quem quer visitar a Draco, a Delegacia de Repressão ao Crime Organizado, portanto, uma delegacia estratégica? Se alguém tem alguma dúvida de que a Segurança Pública não faz investimento nos lugares devidos, vá a essa delegacia, que deveria ser muito bem equipada e estruturada, com boa equipe, bem remunerada, com bons instrumentos. Essa delegacia é uma pocilga, é um lixo! Ela fica nos fundos da antiga Polinter, na Praça Mauá, sem qualquer condição de trabalho para os policiais. Estou falando da Draco, da Delegacia de Repressão às Ações do Crime Organizado, uma das mais importantes que tem o Rio de Janeiro.

Não adianta a Segurança Pública ser instrumento de propaganda política quando, na verdade, os investimentos mais importantes e necessários não são feitos nos lugares corretos, não atendem aos lugares corretos. Se o Governo do Estado do Rio de Janeiro investisse na produção de inteligência e na inteligência da ação policial, certamente, muito do que está acontecendo – não totalmente, para ser honesto, mas muito do que está acontecendo – poderia ser previsto. A ação poderia ser mais preventiva do que reativa.

As ações emergenciais diante uma situação como essa, é evidente que precisam ser tomadas. É evidente que a polícia tem que ir para rua, é evidente que você tem que ter uma atenção maior, tem que haver a comunicação com o Secretário permanente com a sociedade, isso ele está fazendo, eu acho que é um mérito, acho que ele não está fugindo do problema, está debatendo, isso é importante. Mas nós temos também que perceber nesse momento o que não funcionou porque não adianta nesse momento a gente falar: “a culpa é da bandidagem”, isso me parece um tanto quanto óbvio, mas, o que de responsabilidade tem no Poder Público que falhou e que não pode mais falhar? Uma boa parte dos prisioneiros do chamado “varejo da droga” foi transferida para Catanduvas, o que, diga-se de passagem, é um atestado de incompetência do nosso sistema prisional que transfere para Catanduvas, porque no Rio de Janeiro a gente não consegue manter os bandidos presos, afinal de contas, há uma série de problemas: de limitações, de uma corrupção incontrolável... agora, transfere para Catanduvas e aí a solução e o diagnóstico dados pela Secretaria de Segurança é que partiu de Catanduvas a ordem para que tudo isso aconteça. Enfim, agora que o problema é de Catanduvas, a gente transfere os delinquentes para Marte?

Então, qual é a solução? O que está acontecendo de fato nesse momento? Essa juventude do varejo da droga nunca se organizou em movimento de igreja; nunca se organizou em movimento estudantil - até porque nem para escola boa parte foi -, nunca se organizou em movimento sindical; não é uma juventude que tem uma tradição, uma cultura de organização, não tem. Agora, querer achar que eles passam a se organizar e organizar muito bem, que representam o tráfico internacional?  É uma tolice. Essa juventude é uma juventude violenta que só entende a lógica da barbárie e é com a barbárie que eles estão reagindo a essa situação que está colocada no Rio de Janeiro, está longe, muito longe de ser o verdadeiro “crime organizado”.

Fica uma pergunta: quantas vezes a polícia do Rio de Janeiro, em parceria com a Polícia Federal, em parceria com a Marinha, em parceria com quem quer que seja, fez ações de enfrentamento ao tráfico de armas na Baía de Guanabara? Quantas vezes a Baía de Guanabara foi palco das ações de enfrentamento ao tráfico de armas e ao tráfico de drogas? Nunca! Não é feito porque não interessa o enfrentamento ao tráfico de armas, o que interessa é o enfrentamento aos lugares pobres, que são mais fáceis, mais vulneráveis para que essa coisa aconteça, e ficam “enxugando gelo”. Quem é que vende esse armamento para esses lugares? São setores que passam por dentro do próprio Estado, todo mundo sabe disso. A gente precisa interromper um processo hipócrita antes de debater qualquer saída de Segurança Pública. Nós temos que, nesse momento de grave crise do Rio de Janeiro, discutir as políticas públicas de Segurança que não estão funcionando. Não dá para o Governo chegar agora e dizer: “está ruim porque está bom”, “está um horror porque estão reagindo a algo que está muito bom”. É pouco e irresponsável diante do que a população está passando. Nós temos que, neste momento, ser honestos e mais republicanos e admitir onde falhamos para que possamos avançar, num debate que não pode ser partidário, mas responsável, com a população do Rio de Janeiro.

Esse texto foi retirado da página do Deputado Estadual Marcelo Freixo PSOL - RJ: http://www.marcelofreixo.com.br/site/noticias_do.php?codigo=114

tem solução, ainda que demore



Cabines da Polícia Militar metralhadas, automóveis e ônibus incendiados, assaltos em série, arrastões, tiroteios, criminosos armados em ações ostensivas nas ruas da região metropolitana do Rio de Janeiro. Facções do comércio armado de drogas ilícitas, supostamente unidas, estariam ‘dando um recado’ às autoridades de Segurança Pública. É preciso que a cidadania, tão vulnerável, também dê o seu. Para dizer que, mais do que ‘crime organizado’, o que há no Rio de Janeiro é uma política de segurança insuficiente e desorganizada – a despeito da inegável seriedade, franqueza e honestidade do secretário Beltrame e de algumas autoridades da atual cúpula da Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro.  
(Foto: Carlos Eduardo Rodrigues / Agência O Dia)

Destaco, como representante da população aflita do Rio:

1 – Todo apoio às recentes ações de fim do controle territorial de regiões pobres pelos bandidos. Mas sem políticas públicas plenas para as áreas e populações ditas ‘libertadas’ o potencial de degradação da vida continuará, ao invés da propalada ‘pacificação’;

2 – O ‘sacode’ do banditismo – sempre considerado ‘acuado’ pelas autoridades – só semeia pânico pelo fato de continuarem muito bem armados seus ‘ativistas’: sem desarmamento e corte das fontes desse abastecimento nada avançará. Não há registros de operações de apreensão de quantidades expressivas de armas e munições nas fronteiras do Brasil e do estado do Rio de Janeiro, na baía de Guanabara, em comboios do crime. O armamentismo das facções do varejo das drogas é alimentado pela cumplicidade ou omissão das polícias e também das Forças Armadas, no que lhes compete. Parte da força do tal ‘crime organizado’ vem das autoridades que deviam se empenhar em enfraquecê-lo;

3 – Os locais ‘perigosos’ onde ainda se esconde a bandidagem sempre foram mantidos na precariedade, no desvínculo social e cultural, e no armamentismo já mencionado, pelas autoridades que os manipulam como grandes currais de votos – quanto mais desassistidos, mais capturados ficam pela política de clientela, coniventes com o domínio espúrio das milícias ou do tráfico;

4 – Os envolvidos na onda de atentados e assaltos não compõem o pólo de uma “guerra civil”: não têm articulação política, projeto de poder nem de sociedade. No mundo da barbárie em que cresceram, toscos, só aprenderam a reagir com essa truculência bárbara e espasmódica, que não “acumula forças” nem “conquista posições”;

5 – Onde está a ‘inteligência policial’ que não previu – e, portanto, não inibiu – que chefes do varejo armado de drogas, expulsos pelas UPPs, iriam, naturalmente, se transferir para outras áreas e dali organizar reações à perda de seu domínio?

6 – Como aceitar que esse comando das ações de intimidação pelo crime se origine, absurdamente, em Catanduvas (PR), no presídio de SEGURANÇA MÁXIMA, de onde os principais chefes do tráfico do Rio de Janeiro estariam dando ordens para os ataques intimidatórios? A corrupção abre generosos – e letais! – espaços de comunicação! Isso também precisa ser urgentemente estancado.

Sala das Sessões, 25 de novembro de 2010
Chico Alencar
Deputado Federal, PSOL/RJ

Esse texto foi retirado da página do Deputado Federal Chico Alencar PSOL - RJ:
http://www.chicoalencar.com.br/_portal/noticias_do.php?codigo=394

terça-feira, 26 de outubro de 2010

diálogos

na seqüência, copio alguns emails trocados com o Marco da Rudra Tecnologia Sustentáveis:

Denise:
o que vocês entendem por sustentabilidade?

Marco:
O Construção Eficiente é um produto da Rudra Tecnologias Sustentáveis.  A Rudra desenvolve softwares para novos modelos de negócios, dentro da concepção de um capitalismo natural.  Acreditamos que a consciência ambiental apenas começou a ser despertada na humanidade e, por uma necessidade de sobrevivência da espécie humana, praticamente todos os processos produtivos atuais deverão se adaptar nos próximos anos.
Nossa missão é transformar o discurso de sustentabilidade em prática através de produtos e processos inovadores para segmentos considerados estratégicos, sendo um deles, a construção civil.
 
Em um levantamento feito com nove mil consumidores de diversos países, inclusive o Brasil, conduzido pela Penn, Schoen & Berland Associates (PSB), constatou-se que apesar de a maioria dos consumidores em todos os países pesquisados acharem que produtos verdes custam mais, brasileiros e indianos consideram que o maior empecilho para sua compra é a falta de opções.
O portal Construção Eficiente vem ao encontro da necessidade dos consumidores conscientes em encontrar opções ecoeficientes. Temos total consciência que a sustentabilidade na indústria da construção civil é uma utopia, mas acreditamos que é possível contribuir para redução do impacto ambiental através da promoção e distribuição de novos produtos e serviços que tragam menor impacto ambiental com relação aos similares de mercado. Esse é o papel do Construção Eficiente.

Denise:
Agradeço as informações. Mas, eu não acredito em desenvolvimento sustentável no sistema capitalista, acho absolutamente incompatível.

Marco: 
Particularmente, gosto de escutar pontos de vistas interessantes. Conceitualmente, acredito no tripé da sustentabilidade que orienta para um desenvolvimento socialmente justo, economicamente viável e ecologicamente correto. Acredito no equilíbrio e interferência mínima na natureza. Agora, falando com uma visão de empreendedor que sou, enxergo oportunidades de novos mercados orientado para preservação, manutenção e recuperação dos recursos naturais, onde podemos gerar mais empregos, conhecimentos e qualidade de vida. Vejo que o grande desafio é manter o crescimento econômico dentro de novos padrões de consumo que o Planeta suporte, pois já sabemos que precisaríamos de mais de uma dezena de planetas Terra para manter os padrões atuais com a população que temos.

Denise:
Como me deu liberdade em abordar o assunto a partir de uma perspectiva particular, estou lhe enviando um texto de um profº da Unicamp: Esse texto é um esclarecimento sobre o porquê eu realmente discordo (em partes) da sua opnião, principalmente no que tange ao crescimento econômico. Se não tiver interesse em ler o texto, tudo bem, mas acredito que se disponibilizar um tempo relativamente pequeno, conhecerá uma perspectiva que vai além das manchetes de jornal e da mídia massificada que nos prega a mesma ideologia todos os dias, faço um convite ao sr para conhecer uma abordagem diferente das demais.

Marco:
Claro que concordo com o Castillo quando conclui "O Estado, em todos os seus poderes e escalas, tem que tomar a frente dos problemas ambientais e sociais, conjuntamente."
O fato é que o Estado se mostra reativo e ineficiente e que as ONG's e empresas privadas têm tomado a frente.
Agora, é um pensamento ingênuo desconsiderar as ações do mercado. As novas oportunidades no chamado "negócios verdes" é um adaptação do capitalismo criado na fase mercantilista onde se pensava que os recursos naturais eram ilimitados. Negócios verdes propõe modelos de negócios e novos fluxos de capitais. Por exemplo, não é simples mudar uma matriz planetária movida a combustível fóssil do dia para noite. E não se pode deixar de presitigiar ações como a da Alemanha que pretende utilizar 100% de energia renovável dentro de 40 anos. De fato Desenvolvimento não combina muito com sustentabilidade, mas temos que achar uma solução. A humanidade está aprendendo. Acredito que as próximas gerações pagarão um preço muito caro pela nossa ignorância e negligência sobre os impactos ambientais.
Acredito que precisamos de lideres conscientes tanto no Estado, quanto nas empresas e nas escolas. Consciencia é uma semente que temos que plantar nas mentes de cada pessoa e existem níveis de consciencia. O ser humano tinha a conexão com a natureza e ser perdeu. Agora temos que reaprender. Infelizmente, acho que é tarde demais. Vou fazendo minha parte, dentro da minha limitada consciencia ambiental e plantando a semente da consciencia, dentro da minha capacidade.

Denise:
Quanto ao fato de que o Estado se mostra reativo, concordo, plenamente, mas diante disso o que não podemos é negá-lo e deixar que Organizações Não Governamentais tomem a frente e fragmentem o debate da questão ambiental, não discordo de que podemos e devemos criar alternativas para o sistema de técnicas que aí estão e que degradam o ambiente em que vivemos, em que o homem é ativo e passivo ao mesmo tempo. Marco Aurélio, eu tenho como formação inicial Tecnologia em Saneamento Ambiental, algo extremamente ligado aos princípios que você acredita e que pratica em seu ambiente de trabalho, mas ao longo dos 4 anos de graduação, eu percebí que todo esse debate pragmático e fragmentado da questão ambiental não é suficiente para a solucionar os problemas que o homem criou. É como se um médico fosse tratar somente dos sintomas da doença e não eliminar e nem querer saber quais são as causas e qual é a doença, somente a remediação por via das técnicas não basta para a resolução dos problemas que estamos diante hoje. A chamada crise ambiental, ao meu ver, não é uma crise porque na verdade nunca na história moderna da sociedade, ou seja, a capitalista, tivemos um equilibrio, o capitalismo em sua essência é desigual e desequilibrador, afinal, o lucro é a estrutura do sistema e é a chance de alguém ganhar e outro perder, isso é o lucro. Sendo assim, vivemos numa consequência desse sistema, que convenientemente chamamos de "crise". Outro ponto que para mim é essencial: o meio ambiente não exclui a sociedade que o penetra, interage e  o forma. Portanto, quando digo que temos que mudar de sistema político-econômico e social para enfrentar e solucionar verdadeiramente e não aparentemente os problemas ambientais, incluo a miséria, a pobreza, as condições de vida do homem, que tem a relação de dominação da natureza na nossa sociedade.

Deixo algumas perguntas para a reflexão:

Os dados nos mostram que o desmatamento da Amazônia é rentável, dá lucro, e que a recuperação de pastagens degradadas custa o dobro do que desmatar, como fazemos então, diante desse impasse, quando o centro da sociedade é o dinheiro e não o próprio homem?
O Estado pode investir na recuperação e dar incentivo fiscal, estímulos financeiros para os pecuaristas e agricultores?
Economistas ecológicos vão avaliar o valor daquele bioma e mostrar aos grandes empresários que deixar esse bioma, que é um espaço extremamente antrópico, (diante das populações que vivem lá e interagem na floresta, modificando e adequando a floresta as suas necessidades)?
Teremos que convencer os empresários a não degradarem o ambiente que por décadas e séculos foi o habitat de populações que, por não possuirem a moeda de troca vigente, são todos os anos, expulsos de suas terras?
Tudo deve ser convertido em dinheiro? A subjetividade em que estamos imersos não pode ser convertida em dinheiro, não há equivalência, o direito a terra (Estatuto da Terra de 1964),  “a preservação, melhoria e recuperação da qualidade ambiental propícia à vida, visando assegurar, no País, condições ao desenvolvimento sócio-econômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana” como nos diz a Política Nacional de Meio Ambiente do Brasil será assegurada para todos ou somente para aqueles que tem a moeda de troca? Vivemos num Estado de Direito ou de Bens?
Você me disse que temos que achar uma solução, pois bem, eu lhe digo que para mim, a solução é centralizar o homem e não o lucro.
A verdadeira consciência nos mostra que coletivismo é a chave para a resolução dos problemas que assolam a humanidade.

Marco:
Acho que nosso papo vale um post num blog e compartilhar com o coletivo! O que acha?

Denise: postado.

sábado, 16 de outubro de 2010

no 2º turno eu voto no 50 de novo!

 Sexta, 15 de outubro de 2010, 13h52 

Atualizada às 13h57

Manifesto à Nação

Plínio de Arruda Sampaio
De São Paulo
Para os socialistas, a conquista de espaços na estrutura institucional do Estado não é a única nem a principal das suas ações revolucionárias. Em todas estas, os objetivos centrais e prioritários são sempre os mesmos: conscientizar e organizar os trabalhadores, a fim de prepará-los para o embate decisivo contra o poder burguês.
Fiel a esta linha, a campanha do PSOL concentrou-se no tema da igualdade social, o que possibilitou demonstrar claramente que, embora existam diferenças entre os candidatos da ordem, são diferenças meramente adjetivas.
Isto ficou muito claro diante da recusa assustada e desmoralizante das três candidaturas a firmar compromissos com propostas de entidades populares - como a CPT, o MST, as centrais sindicais, o ANDES, o movimento dos direitos humanos - nas questões chaves da reforma agrária, redução da jornada de trabalho sem redução salarial, aplicação de 10% do PIB na educação, combate à criminalização da pobreza.
Não há razão para admitir que se comprometam agora, nem para acreditar que tais compromissos sejam sérios, como se vê pelo espetáculo deprimente da manipulação do sentimento religioso nas questões do aborto, do casamento homossexual, dos símbolos religiosos - temas que foram tratados com espírito público e coragem pela candidatura do PSOL. Nem se fale da corrupção, que campeia ao lado dos escritórios das duas candidaturas ora no segundo turno.
Cerca de um milhão de pessoas captaram nossa mensagem. Constituem a base de interlocutores a partir da qual o PSOL pretende prosseguir, junto com os demais partidos da esquerda, a caminhada do movimento socialista no Brasil.
O segundo turno oferece nova oportunidade para dar um passo adiante na conscientização. Trata-se de esmiuçar as diferenças entre as duas candidaturas que restam, a fim de colocar mais luz na tese de que ambas são prejudiciais à causa dos trabalhadores.
O candidato José Serra representa a burguesia mais moderna, mais organicamente ligada ao grande capital internacional, mais truculenta na repressão aos movimentos sociais. No plano macroeconômico, não se afastará do modelo neoliberal nem deterá o processo de reversão neocolonial que corrói a identidade moral do povo brasileiro. A política externa em relação aos governos progressistas de Chávez, Correa e Morales será um desastre completo.
A candidata Dilma Rousseff é uma incógnita. Se prosseguir na mesma linha do seu criador - o que não se tem condição de saber - o tratamento aos movimentos populares será diferente: menos repressão e mais cooptação. Do mesmo modo, Cuba, Venezuela, Equador e Bolívia continuarão a ter apoio do Brasil.
Sob este aspecto, Dilma leva vantagem sobre a candidatura Serra. Mas não se deve ocultar, porém, o lado negativo dessa política de cooptação dos movimentos populares, pois isto enfraquece a pressão social sobre o sistema capitalista e divide as organizações do povo, como, aliás, está acontecendo com todas elas, sem exceção.
O que é melhor para a luta do povo? Enfrentar um governo claramente hostil e truculento ou um governo igualmente hostil, porém mais habilidoso e mais capaz de corromper politicamente as lideranças populares?
Ao longo dos debates do primeiro turno, a candidatura do PSOL cumpriu o papel de expor essa realidade e cobrar dos representantes do sistema posicionamento claro contra a desigualdade social que marca a história do Brasil e impõe à grande maioria da população um muro que a separa das suas legítimas aspirações. Nenhum deles se dispôs a comprometer-se com a derrubada desse muro. Essa é a razão que me tranqüiliza, no diálogo com os movimentos sociais com os quais me relaciono há 60 anos e com os brasileiros que confiaram a mim o seu voto, de que a única posição correta neste momento é do voto nulo. Não como parte do "efeito manada" decorrente das táticas de demonização que ambas candidaturas adotam a fim de confundir o povo. Mas um claro posicionamento contra o atual sistema e a manifestação de nenhum compromisso com as duas candidaturas.

Plínio Soares de Arruda Sampaio, 80 anos, é advogado e promotor público aposentado. Foi deputado federal por três vezes, uma delas na Constituinte de 1988, é diretor do "Correio da Cidadania" e preside a Associação Brasileira de Reforma Agrária - ABRA


Fale com Plínio Arruda Sampaio: plinio.asampaio@terra.com.br

terça-feira, 28 de setembro de 2010

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

O rosto a mulher através de 500 anos de arte

  
Um amigo me mandou esse vídeo e eu achei interessante: postado aqui no flor da rua (ponto)

Fonte:
http://www.artgallery.lu/digitalart/women_in_art.html

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

a grande mentira: MST rouba ovos de tartarugas no Rio Solimões

Arribada e desova das tartarugas em Ostional, Costa Rica - nada a 

ver com MST e Rio Solimões


Um dos maiores espetáculos da Natureza está prestes a acontecer: a arribada ou chegada, em enormes levas, das tartarugas marinhas da espécie oliva nas praias da Costa Rica.

Um desses santuários ecológicos chama a atenção por cenas que beiram as raias do surrealismo – clique na imagem acima e sinta o “clima” –, pelo menos para a nossa escassa compreensão de um fenômeno dessa magnitude.


Para se ter uma ideia da grandiosidade do evento, que se estende do final de agosto até outubro, na orla marítima do Refúgio Nacional de Vida Silvestre de Ostional já se aproxima a primeira e enorme frota de 500 mil fêmeas para dar início ao processo de reprodução. Somadas a outros grandes grupos, poderão totalizar a desova de inacreditáveis 1 bilhão 600 milhões de ovos.

Não é à toa que a praia de Ostional, com apenas 7 km de extensão, é considerada o maior berçário do mundo para a conservação da Lepidochelys olivacea.

Quando as frágeis tartarugas aportarem, serão devidamente recepcionadas nas areias pelos moradores da comunidade local, que se preparam com ansiedade para este momento.


Todavia, ao contrário do que podem fazer supor estas imagens fora do seu real contexto, o recolhimento de menos de 1% dos ovos pelos habitantes locais significa, na realidade, um dos maiores esforços já empreendidos para a preservação da espécie, com o devido apoio e reconhecimento de organismos científicos internacionais e entidades de defesa ambiental, como o combativo Greenpeace, entre outros.


O próprio Projeto Tamar, aqui no Brasil, endossa a iniciativa costarriquenha.


O que se observa no mundo digital, no entanto, é uma frenética troca de e-mails que, desde o final do ano passado, tem inundado ininterruptamente as caixas de correio eletrônico referindo-se a esta ação coletiva como sendo um “crime hediondo contra a vida marinha”.


Com certeza o hoax foi criado por algum degenerado, sabe-se lá onde e com que intenções difamatórias, e já deu várias voltas pelo mundo em todos os idiomas — sendo sistematicamente repassado com a cumplicidade dos inocentes úteis ou gente mal-intencionada, o que dá no mesmo.


Aqui no Brasil, possivelmente devido ao início da campanha eleitoral, o boato voltou a ganhar força nos últimos dias e desembocou em dezenas de blogs que não mantêm qualquer compromisso com a verdade e que muito menos respeitam a inteligência de seus leitores.


Começando pelo pretenso “ataque aos ninhos das tartarugas na Costa Rica”, o embuste virtual transmutou-se em “roubo de ovos na margem esquerda do rio Solimões” e, por fim, com um grande culpado consubstanciando-se na atualidade, na figura emblemática do MST – o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.




Não bastasse o absurdo de se confundir o paraíso dos surfistas (acima) com as plácidas águas do Solimões (abaixo), agora essa de implicar logo com o MST. O que uma coisa tem a ver com a outra? Pior, sem que qualquer prova factual ou imagem real tenha sido apresentada.

Porém uma rápida busca na Internet é suficiente para esclarecer parte do mistério e apontar alguns envolvidos na ação insidiosa. Blogs e sites com viés nitidamente direitista têm sido os propagadores dessa onda de boatos. Pode-se incluir na lista negra alguns voltados à “defesa do meio-ambiente”, o que significa dizer que inauguraram em definitivo a era do greenwashing virtual.

Mas um dos maiores responsáveis pode ter sido o deputado federal Raul Jungmann, do PPS pernambucano, que manteve em seu site durante meses a estória fantasiosa, mesmo tendo sido alertado inúmeras vezes por seus comentaristas. Sem que se importasse com isso.

Jungmann, afinal, pontificou como supremo ministro da Reforma Agrária justamente no período em que o governo FHC assumiu uma política radical de criminalização contra o MST, com o apoio ostensivo do Judiciário e da imprensa conservadora. Apenas coincidência?

Quem desmontou a farsa foi o blog Cachaça Araci, com posts que acabaram por pautar a velha mídia. Somente depois que o portal das organizações Globo fez a repercussão do caso é que o deputado correu para retirar as acusações de seu site. Mas era tarde, o estrago já estava feito.





O assunto, de todas as formas, é tão fascinante que, por toda a sua dimensão, será necessário elaborar uma série de posts para que possa ser esgotado e devidamente compreendido. E o hoax finalmente neutralizado.

Este é apenas o primeiro. Material há com fartura na rede para ser traduzido, ordenado e posteriormente divulgado.

Se não para interromper a boataria promovida por meia dúzia de pessoas irresponsáveis e impulsionada com a ajuda de milhares de internautas inconsequentes (que não medem nem avaliam as consequências de suas atitudes), pelo menos para se fazer justiça ao admirável esforço de uma pequena comunidade costarriquenha.

São pessoas que, certamente, não merecem passar pelo processo difamatório ora em curso na Internet. Pelo contrário, devem ser reconhecidas mundialmente e ter divulgadas suas ações sustentáveis em defesa das tartarugas marinhas que compartilham as areias de suas praias no espetáculo da procriação e preservação da vida.                                           Porque é disso que se trata.



Fonte:
http://www.materiaincognita.com.br/a-grande-mentira-mst-rouba-ovos-de-tartarugas-no-rio-solimoes/

A preservação das tartarugas na Costa Rica
http://www.youtube.com/watch?v=01Ry22staSc&feature=player_embedded

terça-feira, 7 de setembro de 2010

versos de 21


uns querem que eu case, outros querem que eu obedeça
 e que fique um pouco mais
outros arrumam namoradas e somem e aparecem de vez em quando, e eu não sei para onde vai meu coração
tem horas que prefiro fixar-me no cais
e nisso lá se vai à deriva o meu querer
que nem sei se quer mais
ou se nunca quis
ou se está em estado de graça e assim nem se percebe quanta felicidade está envolvido, afogado
que nem respira
o medo apavora o relacionamento, e pede pra ficar com laços bem atados
Com medo de partir e não voltar
Com medo de ficar e infeliz (ponto final, sem vírgulas, já que não se pode parar para respirar)
Ou será que é só a pressa dos 20 e poucos anos?
muito poucos
que nem sei se dá para responder
um sim
para toda vida
vida inteira de não-vícios, de cidades e pessoas
que eu nem sei se vão existir ainda mais
caso eu me leve tão depressa que - Ui! Já foi! Nem vi!
Ver a banda passar e não saber se é triste ou feliz estar na janela sorrindo acompanhada de uma mão e um coração que bate
E sente...
O maior amor do mundo.

Maior do mundo (10/01/2009)

terça-feira, 17 de agosto de 2010

ela tem a minha idade

A letra abaixo é uma música que eu adoro, é de uma cantora que tem estado em crescente evidência no cenário da mpb, o lirismo não enjoativo nas composições de Maria Gadú e a sua voz doce, mas não melosa revelam que ainda há um lugar reservado para a MPB no Brasil, a profundidade de suas composições é sofisticada e alivia os ouvidos de quem não suporta ouvir músicas de refrão. Mas não se contente eu ouvir Shimbalaiê, (que é boa!) mas não se compara a "Altar Particular" nem "Dona Cilá", mais um elogio: até a Baba Baby da - blah! Kelly Key ficou menos  - blah! com a interpretação da moça, e em "Ne Me Quitte Pas" de Jacques Brel a interpreção merece um aplauso.  (observações de uma leiga)

 

Encontro

Composição: Maria Gadú

Sai de si
Vem curar teu mal
Te transbordo em som
Poe juizo em mim
Teu olhar me tirou daqui
Ampliou meu ser
Quero um pouco mais
Não tudo
Pra gente não perder a graça no escuro
No fundo
Pode ser até pouquinho
Sendo só pra mim sim
Olhe só
Como a noite cresce em glória
E a distância traz
Nosso amanhecer
Deixa estar que o que for pra ser vigora
Eu sou tão feliz
Vamos dividir
Os sonhos
Que podem transformar o rumo da história
Vem logo
Que o tempo voa como eu
Quando penso em você

sábado, 7 de agosto de 2010

retrocesso ambiental

matéria retirada do blog do greenpeace 

Notícia - 8 jun 2010

Aldo Rebelo apresenta seu relatório de mudanças no Código Florestal. Seu texto anistia desmatadores, legitima a devastação e abre espaço para novos desmatamentos.
O deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP) finalmente apresentou seu relatório na Comissão Especial criada pela Câmara dos Deputados para consolidar as propostas de alteração do Código Florestal. A bancada da motosserra à qual Aldo se ligou umbilicalmente nos últimos meses, está, obviamente, exultante. O relator fez um serviço ainda melhor do que eles esperavam.
Na prática, o relatório de Aldo propõe reverter 76 anos de evolução de nossa legislação ambiental. É, portanto, um retrocesso. Legitima o corte indiscriminado do passado recente e abre brechas para novos desmatamentos. Sugere também que desenvolvimento só se faz com destruição da natureza e passa o custo integral da conservação para o contribuinte brasileiro. “O deputado está propondo a socialização dos custos da devastação e a privatização dos lucros imediatos que ela gera”, diz Paulo Adario, diretor da Campanha Amazônia do Greenpeace.
Aldo propõe o fim da função social da propriedade rural no Brasil. Seu texto revoga um artigo que estava na versão original do código, de 1934, e que foi mantido na revisão feita em 1965. Ele tratava as florestas como bens públicos. Pelo que Aldo escreveu, se o contribuinte não estiver disposto a pagar pela conservação ambiental, o fazendeiro pode fazer o que bem lhe der na telha nas terras que ocupa. Foi este tipo de mentalidade, por exemplo, que transformou uma das áreas mais férteis do país, o Vale do Paraíba, entre Rio e São Paulo, numa terra imprestável para a atividade agrícola.
O texto de Aldo também agracia com o benefício da anistia quem, pela legislação em vigor, cometeu crime ambiental. Qualquer desmatamento feito até 22 de julho de 2008 – não importando o tamanho da propriedade – estaria, pela proposta do ex-comunista que virou ruralista, automaticamente perdoado. A Reserva Legal, o pedaço de qualquer fazenda que precisa permanecer destinado à mata nativa, também foi trucidada pelo deputado.
Na Amazônia, ele sugere acabar com ela para propriedades com até 600 hectares. Isso já tinha sido previsto pela própria área ambiental do governo em negociações com representantes da agricultura familiar. Mas Aldo aproveitou a deixa e meteu o pé na porta. Nas outras regiões, fazendas com tamanho de até 4 módulos rurais também estão dispensadas de ter a Reserva Legal. Para as propriedades maiores, Aldo manteve a obrigação nos percentuais atuais – 80% para a Amazônia, 35% para o Cerrado e 20% nos demais biomas – mas deu aos estados e municípios a possibilidade de reduzirem esta demanda pela metade
“Aldo no fundo abriu a brecha para se acabar com a Reserva Legal, porque qualquer fazendeiro com mais de 600 hectares de terra na Amazônia poderá fracionar sua propriedade para fugir da obrigação”, aponta Sergio Leitão, diretor de Campanhas do Greenpeace.  Ele sugere também que, para fins de recuperação de uma reserva legal, o fazendeiro pode usar espécies exóticas. Isso, de certo modo, já é uma afronta ao conceito, criado justamente para proteger matas nativas.
Mas do jeito que está escrito, sem especificação de que as espécies usadas na recuperação precisam ser arbóreas, Aldo abre a possibilidade de que um fazendeiro utilize grama ou soja para recuperar sua reserva legal. No caso das áreas de preservação permanente (APP’s), Aldo, além de reduzir a necessidade de manutenção de matas ciliares em alguns rios para 15 metros, dá aos estados o poder de diminuí-las à metade do que exige a legislação federal. Isso inverte uma regra básica da legislação ambiental brasileira, que determina que o que vale é a maior área de proteção.
No artigo 12 de seu texto, Aldo ‘flexibiliza’ a derrubada em encostas entre 25 e 45 graus. Basta uma recomendação do órgão de agricultura estadual para que ela ocorra. E no capítulo X, que trata de incêndios em áreas florestais e rurais, Aldo propõe simplesmente o seu fim. Cuida, no entanto, de deixar uma porta escancarada para a continuidade das queimadas, dizendo que consideradas peculiaridades (não especifica quais) regionais, os estados podem autorizar a queima de campos e florestas.

Em resumo, usando Marx e Engels para defender práticas capitalistas retrógradas no campo, invocando a bíblia para dizer que a natureza deve se submeter à vontade dos homens e posando de nacionalista para assegurar os interesses do agronegócio exportador de commodities, Aldo Rebelo conseguiu o milagre de produzir uma proposta que põe o Brasil no rumo do atraso e da devastação. Na leitura de seu relatório, ele agradeceu aliás a três eméritos ruralistas no Congresso, Moacir Micheletto, Homero Pereira e Anselmo de Jesus.
Não há de quê, deputado. Quem agradece é a turma da motosserra. Ela não poderia ter sido melhor servida.
leia mais em http://www.greenpeace.org/brasil/Blog/

comentários sobre uma relação paradoxal: Carlos Minc e o meio ambiente


EmPACando a política ambiental

Atualmente, a política pública ambiental brasileira tem seguido uma trajetória linear de encontro ao financiamento privado e a convergências ideológicas.
O que deveria ser o maior representante dos ambientalistas, o ministro do Meio Ambiente, na figura de Carlos Minc parece ter impulsionado a roda das negociações de financiamento dos licenciamentos ambientais pelo setor privado, principalmente o industrial, reforçando na prática a idéia de que progresso se opõe a conservação ambiental. A conivência com a instalação aprovada pelo presidente da república da hidroelétrica no rio Madeira, (com a não aprovação do IBAMA) e a promoção do convênio da Secretaria do Meio Ambiente do RJ com a Firjan, não sendo até então ministro, são exemplos desse impulso.
O que se questiona é a real neutralidade dessas negociações, que mais parecem contemplar o crescimento econômico – que inúmeras vezes deixa dúvidas em relação a sua “não oposição” a preservação ambiental – do que valorar o patrimônio naturalmente encontrado nos diversos biomas e inúmeros conhecimentos tradicionais associados a eles, construídos durante séculos pelas comunidades locais.
Em contrapartida, a burocratização do processo de licenciamento atrelado a uma crescente proliferação de órgãos na área não vem como uma melhor avaliação dos casos ambientais, mas sim como ineficiência do setor, já que não está atrelado a contratações de pessoal especializado, com reajuste salarial e aumento da participação nos orçamentos estaduais.
É mais do que urgente a necessidade de entender o dinamismo da expressão ambiental, excluir a visão de algo estático, afastado do cotidiano, com endereço marcado. A questão só será levada realmente a sério, quando for compreendido que o homem e tudo o que ele constrói, cria, cultiva e interage fazem parte do mesmo sistema. Compreendendo também que grande parte dos problemas ambientais são sociais, e que essa dissociação é proposital.
É necessária uma política unívoca, coerente, que não se contradiga ideologicamente e que, na prática, não se limite aos gabinetes e às entrevistas coletivas à imprensa.

- Denise, Jenifer e Mônica (2009)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

transpirações na vida


“Eu corro, eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida” - Cazuza e Frejat
Mas que momentos são esses rememoráveis sem o véu da divertida insensatez?
Um bom papo com os amigos, pode com um vinho ou não rolar. Mas será quantificada a alegria que alguém tomou? Ou será que não foi adição de mais ilusão ao tentar preencher seus vazios no copo?
Trago exclamações embaçadas de alcatrão.
Agora compreendo a expressão “viver a vida”. A plenitude não está nas coisas exteriores, mas sim naquelas que podem ser tomadas interiormente. São os goles do enriquecimento pessoal, mas não aquele popular, adornado de douradas correntes, cheias de títulos, é algo que pesa, porque é difícil de ser encarado e escancarado na comissão de frente.
Para viver a vida plenamente, sem marcar data para momentos especiais, quero rememorar.
Quero as gargalhadas numa fila de banco. Quero os filmes contados no caminho de casa. As cenas ensaiadas na calçada. Os convites para um DVD. Uma conversa de esquina. Uma Lua e um céu cheio de estrelas para se admirar.
Sábado à noite tudo pode rolar. Que role então aquela conversa com os amigos e que assistam o programa de humor que nunca dá tempo. Que dividam-se colchões e usem meias coloridas e percam a hora de acordar. E que corram atrás do ônibus, que se percam no centro da cidade e tenham os cabelos presos sem pentear.
Sentir-se seguro no que é ridículo, abandonar as capas de super-homem e spice-girl e revestir-se de si mesmo. A armadura pesa e é o preço a se pagar. Armar-se de suas inocências, próprias opiniões e virtudes; contra a hipocrisia, a opressão e a falsa concepção de “viver a vida”, pois criar para si um mundo encantado é viver num castelo de cristal. (14/06/08)

o socialista coerente

O dia 26 de julho deste ano marca a chegada de Plínio Arruda Sampaio aos 80 anos de idade. Em 2010, Plínio também completa 60 de vida pública internacionalmente reconhecida pela coerência socialista. Promotor público aposentado e mestre em desenvolvimento econômico internacional pela Universidade de Cornell (EUA), Plínio já foi deputado federal por três vezes - uma delas na Constituinte de 1988 -, sub-chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo (1959-1961), secretário de Negócios Jurídicos da Prefeitura da capital paulista (1961). Por sua firme atuação em defesa de uma verdadeira reforma agrária e dos direitos dos trabalhadores, Plínio foi um dos cem primeiros políticos cassados pelos militares e viveu doze anos no exílio. Entre 1965 e 1975 exerceu o cargo de diretor de Programas de Desenvolvimento da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO/ONU), coordenando projetos de reforma agrária em toda a América Latina e na maioria das nações caribenhas. Fundador do Partido dos Trabalhadores, foi o autor do primeiro estatuto do PT, que assegurava à militância o poder de decisão sobre os rumos da agremiação. Candidato ao Governo do Estado de São Paulo em 1990 e em 2006, Plínio tem sua trajetória de vida e militância estreitamente vinculada à esquerda católica e à defesa do direito à terra para os trabalhadores. Em 2005, deixou o PT por não concordar com os rumos tomados pela sigla e ingressou no Partido Socialismo e Liberdade. Atualmente é presidente licenciado da Associação Brasileira de Reforma Agrária e diretor do portal de notícias Correio da Cidadania. Relembre ou conheça abaixo a história de Plínio Arruda Sampaio e seu papel em momentos decisivos da luta para construção de uma verdadeira superação das tragédias históricas brasileiras - a segregação social e a dependência externa que amarram o desenvolvimento de nosso país - e em defesa do socialismo democrático. 

Fonte: http://www.plinio50.com.br/presidente-psol-plinio-de-arruda-sampaio.html

para começar


Senso Comum

“Não quero lhe falar, meu grande amor
Das coisas que aprendi nos discos
Quero lhe contar como eu vivi e tudo o que aconteceu comigo”(
Belchior)

Não quero escrever mais um capítulo da minha vida se ninguém vai ler o meu nome “Denise”, mas sim o nome  “amiga”, “conhecida”, “mulher”, “estudante”, “sobrinha”, “trabalhadora” ou “filha”. Não que esses nomes não me definam, nem definam a vida que eu tenho ou quero ter. Mas esses nomes generalizam, padronizam, criam uma imagem muito distante daquilo que somos, acreditamos e queremos ser.
Um tanto cruel é a sociedade que estigmatiza homem e mulher, malvada e boazinha, feia ou bonita. Essa relação binária aprisiona o ser, a personalidade, e coloca em oposição significados e atitudes que nem sempre (e em sua maioria não conseguem) se opor, como se a princesa do castelo sempre fosse a filha obediente e boazinha, como se a filha boazinha nunca fosse uma mulher, como se a mulher sempre fosse submissa, como se a submissa fosse sempre aceitar as ordens do seu marido, como se o marido fosse sempre o chefe do lar, como se o lar fosse sempre o nosso porto-seguro, como se o porto-seguro fosse sempre o melhor lugar para ficar, como se ficar fosse sempre o melhor a fazer... e o contrário também!
Agora me pergunto: será que a filha boazinha não era dissimulada? Será que ela não errava e acertava, e tinha certezas e desilusões no mesmo dia? Para saber quem era a princesa do castelo temos que olhar de perto... mais perto ainda!     
Saber seu nome, o porquê dela não gostar do seu cabelo liso e comprido, quais livros ela mais gosta, qual dia da semana ela prefere, por que sonha tanto em ser pedagoga e por que tem uma cisma esquisita. Sem saber o porquê dela gostar mais do Quintana do que do Lins do Rego, nós só iremos reconhecê-la como a princesa “x” ou a filha educada, vamos organizar nossa tabela de “respeitáveis” e “não-respeitáveis”, ou algum outro encaixe.  Mas isso terá um custo: a indiferença. A indiferença nos faz perder amor, carinho, respeito, amizade, confiança, cumplicidade, o prazer de poder ajudar alguém e a liberdade de poder ser também você mesmo: Isabel, Ricardo, Lúcia... e ninguém te julgar por isso!

Eu sou a Denise, se quiser me conhecer, será um prazer!
(02/03/10) 

por muito tempo adiada

a criação de um blog, finalmente tive a coragem de expôr meus dilemas, poemas e lutas (internas).
Espero que o que me alimenta possa transparecer nas linhas desse espaço, daqui por diante.