terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Das indecências e levezas

Você levou a poesia da sua indecência
E eu despenquei a beira-mar
Busquei gestos, palavras outras que formam sorrisos
Você suspendeu a tua profana paixão, como num recesso
E eu saí à procura de arco-íris e bem-te-vis
Mas volta e meia você não está longe e vem,
Com estes lábios de desejo 
Que ainda são meus.

De leve, ando na ponta dos pés,
Porque assim a dança dura mais tempo
Num todo belo e tocável
E cambaleantes ficam os rostos, os ossos todos se contorcendo,
E os sorrisos e as flores vão se abrindo

Faço um trato com o destino:
Não te quero mais do que a mim me queres, nem menos. 
E quero sim, sempre, enquanto houver o agora. 



sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Natal: o que vale? O papel do consumo

Estamos a um mês da data mais celebrada pela indústria e comércio, em que recordes de produção e, consequentemente, de vendas, são quebrados. O Natal virou símbolo máximo da celebração do consumo, nos encaixando num mundo onde o ter é mais importante que o ser. E como já dizia Marx: “Com a valorização do mundo das coisas aumenta em proporção direta a desvalorização do mundo dos homens".
 Na íntegra:  http://www.pensamentoverde.com.br/colunistas/natal-vale-papel-consumo/

sábado, 26 de outubro de 2013

Leilão do campo de Libra: privatização do petróleo, socialização dos impactos

Usar petróleo não é legal, já temos um monte de fontes renováveis de energia alternativas aos combustíveis fósseis. Menos legal ainda é explorar o Pré-Sal que traz mais impactos ambientais ainda do que a exploração em campos "comuns" de petróleo. 
Mas daí entregar à iniciativa privada o nosso recurso, é uma venda não só das nossas riquezas, como uma autorização formal do Estado de degradação ambiental, porque se a Petrobrás - que é pública e já causa N danos - imagine o que uma empresa privada pode fazer!
A conta é: se for a multa compensar (se houver) vamos degradar o ambiente. O PT, não satisfeito com a privatização, barbariza e massacra a população que se contrapõe a essa política neoliberal. 
E a pergunta que fica é: JÁ ESTAMOS NA BARBÁRIE?

Gostou? Leia o texto na íntegra em:

http://www.pensamentoverde.com.br/colunistas/leilao-campo-libra-privatizacao-petroleo-socializacao-impactos/


Leilao de Libra pre sal Dilma

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Dos dias

Eu quero ser livre,
Quero amar-te por alguns minutos,
Transbordar as minhas vontades de passeios, corridas de bicicleta, tropeço em tronco de árvore.
Mas quero deixar-te, soltar-me dessa ligação que insisto em fazer.

O amor é colorido, o sonho é colorido,
Mas as minhas despedidas ainda são em preto e branco
E o café com leite do dia seguinte ainda é amargo.

O que eu queria mesmo era poder falar sem receios que eu te adoro.
Tocar sua mão e, ao soltá-la, ver que ainda corre ao meu lado
Com um sorriso de arco-íris

Quero rir, deitar no teu colo e contar os bem-te-vis
E poder nadar num rio
E andar de pés descalços
Fugir para a Lua e mergulhar na imensidão em um abraço teu.

Quero soltar-me,

Largar-te

E ir.

(Denise Vazquez Manfio 19/07/2013)

domingo, 21 de abril de 2013

E hoje,



Quase todas as coisas, as pessoas estão acostumadas a comprar. São ensinadas desde cedo de que se pode comprar diversão, instrução, descanso, férias são pagas a quem não as tira.  
E hoje, ouvi de minha avó que o homem que chamei de besta, paga os ingredientes do bolo de chocolate que fiz. Esse homem é meu pai e eu, num momento de visível irritação com mais uma de suas desaprovações com os rumos que escolhi para a minha vida, assim o chamei, desrespeitei-o, sei bem. Compra-se respeito, além de farinha e ovos para bolo.
Não sei se o que faço e falo é tão absurdo a ponto de estabelecermos uma relação assim: onde tudo o que pagam tem mais serventia do que a coisa em si, onde tudo serve para amar ainda mais, concordar ou calar e consentir.

Paga-se por mais espaço na poltrona do avião, paga-se para não perder tempo em filas, por um pouco de gergelim no pão, para dar risadas dos outros em um stand-up, provavelmente recheado de piadas machistas e homofóbicas. É habito natural, e nessa onda, colocamos a eterna gratidão que os bons filhos devem ter para com seus pais – independentemente de quem sejam eles, já são santos – na mesma gôndola. Não há espaço para divergências, somos formados a seguirmos a mesma profissão, o mesmo time de futebol, o mesmo voto nas urnas. Não basta já partilharmos a mesma cor de cabelo e olhos?
Em quase cada (boa) ação de meus pais para comigo, sinto-me cobrada e, por vezes tenho que de fato negociar com dinheiro, uma troca. Mas não é uma troca salutar, há um tom áspero, impregnado de obrigação, de obediência, de submissão.
Há muito tento me valer da independência, mas nesse sistema onde tudo é mercantilizado e todos somos mercadorias, do trabalho aos relacionamentos, ela não vem senão na folha de pagamento. A independência não é senão financeira. É o fim dos tempos!
Quando foi que admitimos que alguém com dinheiro em mãos, tem plena ciência do mundo, que pode ser livre em seus atos, simplesmente por isso? Ora, uma criança com um mundo de dinheiro, é apenas uma criança. Um adulto é responsável por seus atos, sempre.
Hoje eu pago parte de um aluguel, para que não me digam que horas devo voltar e nem me interpelem com quem vou sair. Pago, por uma rodela de limão na coca-cola e pra não me perguntarem com quem vou dormir.

Não, longe de mim ser ingrata, como tantas vezes já fui acusada, mas faço a analogia do passarinho preso na gaiola que foi comprado para cantar.  Num mundo onde a liberdade não é senão miragem, utopia, só me resta lutar pelo socialismo e pela revolução, quem sabe assim, saibamos que o amor não se compra, é intangível e construído dia-a-dia na igualdade entre mulheres e homens. 

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

caminhando com a alma aberta


Hoje cheguei em casa no findar da tarde, havia um céu azul mesclado de nuvens brancas e um sol poente, apontando a oeste que o dia envelheceu. De forma habitual, abri as janelas do quarto, liguei o rádio e elegi Clube da Esquina 2 – Volume 1, que ganhei de alguém importante algum tempo atrás. A primeira música¹ começou a tocar e senti o frescor vindo do vento, da musicalidade de Milton e dos dizeres, os mais certeiros possíveis:
Rosa (2012)


"Vamos! Caminhando pelas ruas de nossa cidade
Viver derramando a juventude pelos corações
Tenha fé no nosso povo que ele resiste!
Tenha fé no nosso povo que ele insiste!"

Lembrei-me de imediato, da minha pequena participação nas lutas dos movimentos sociais, do sonho, do caminho já percorrido, dos desafios que temos pela frente. E uma alegria tomou forma em mim, cantei com paixão a canção, pois cada verso faz o mais perfeito sentido. Lutar. Pelos mais diversos motivos: pelo pão, pelo trabalho, pela formação, pela saúde da humanidade e do ambiente, pela diversidade. Sobretudo, lutamos pela igualdade, pelo fim da mercantilização do mundo e das pessoas.

Para cada passo que dei nesse sentido, havia dúzias de “não, não vá!”. O motivo principal residia na crença de que não é possível mudar, da impossibilidade de um sonho coletivo de emancipação do povo. Mas aí também mora o grande equívoco, é na exploração da sua força produtiva pelo patrão que a trabalhadora e o trabalhador se unem. Todxs são, invariavelmente expropriados e, na dor, no sofrimento, que a trabalhadora e o trabalhador têm a ferramenta para “caminhar de mãos dadas com a alma nova e cantar semeando um sonho que vai ter de ser real”¹.

Ouvi de amigas, que sou cabeça dura, que as pessoas não mudam. Mas o que são os socialistas senão caminhantes de alma aberta? Libertários que rompem amarras e acolhem a diversidade. Não, nego este título e digo mais: quem não se movimenta, se conserva no lugar, porque não sente as amarras que o prendem². 

Não importa se “o que foi feito de tudo o que a gente sonhou”³, ainda não vingou. O socialismo é semente que não morre, que lateja em cada trabalhador e trabalhadora explorados. “Outros outubros virão, outras manhãs, plenas de sol e de luz”.

E o que seria de nós sem esses grandes compositores, que exprimem em poucas palavras o hino das lutas do povo? Que nos inspiram a seguir lutando e caminhando com a juventude. 

¹: Credo – Milton Nascimento e Fernando Brant
²: Adaptação da frase de Rosa Luxemburgo
³:O que foi feito deverá - Milton Nascimento e Fernando Brant

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Não estou a fim do carnaval


Chegou o frisson do ano, em nome da alegria, muitas fantasias desmedidas vão servir, muita risada vai se dar com muito confete e serpentina. Hoje foi um dia que combinou frio, chuva e sofá digno de um filminho à tarde com pipoca e qualquer bebida quente. Mas amanhã eu quero sair só na avenida do samba, ou sei lá mais o que toque neste tal de carnaval, eu desconheço.

A festa da virada do ano, natal ou festa junina, todas já perderam seu significado, viraram mais uma data de explosivas compras. Mas ainda há o que comemorar, ainda há razão ou desculpa, ainda se pode questionar seu sentido (ou a falta dele). Mas e o carnaval brasileiro? Muita purpurina, machismo, homofobia e racismo festejados.

No natal, desejei felicidade aos meus familiares e amigos, na virada do ano pulei as 7 ondas e pedi fé no mundo, o socialismo, a revolução. No meu aniversário, mais sentido para a vida.

Eu não estou feliz com o carnaval. E eu, que sou tão animada, não me contento com essa alegria desvairada, não me seduzo. Talvez esteja sendo chata demais, acadêmica demais ou esteja em um momento de solidão. Mas eu quero sair no bloco do eu sozinha, inebriar-me com um bom drama estrelado por Ricardo Darín (que é muito mais charmoso que o George Clooney), ler meu atual livro e correr pelas manhãs.

Não, não sou daquelas que não gosta da vida noturna e badalada. Mas sou de inspirar-me, de cantar um samba com alma, de misturar-me com a dança até perder o sentido. Tomar um boa cerveja, bater aquele papo com um bom amigo, dar risadas do real, do vivido, no bar que bota as mesas na calçada pra gente ouvir o som que vem da rua.

Porque mais do que qualquer alegria desmedida, quero sentir o que vivo. 

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Somos Todos Assentamento Milton Santos



DILMA, ASSINE O DECRETO DE DESAPROPRIAÇÃO POR INTERESSE SOCIAL!!

ASSENTAMENTO MILTON SANTOS: RESISTÊNCIA E LUTA! 

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

domingo, 13 de janeiro de 2013

o poema

 Não se pode falar tudo em um poema,
Deve-se guardar palavras para que a boca se pronuncie,
Completando o verso o leitor.
O lirismo também está guardado no que não se disse,
No olhar reticente,
No alumbramento de quem vê as letras se casarem,
Concatenando-se em sílabas,
Palavras numa genuína lucidez
A dizer alguma verdade.
- Denise V. M. 13/01/2013
                                                                                       
Le Carrussel - Paris. Foto de julho de 2012