sábado, 31 de dezembro de 2011

feliz ano novo!

Que neste novo ano, possamos lutar mais, com mais força e coragem e empenho e garra! Que nossas lutas sejam vitoriosas! Que nossos braços se somem a mais braços! Que não descansemos enquanto houver injustiça!


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

coisas pra se detestar no Natal

Natal! Data do calendário Cristão em que se comemora o nascimento de Jesus Cristo, longe de mim fazer apologia à religiões (não as nego, mas as critico), lembra-me com tristeza algumas coisas que considero estruturante nessa festa (que teve seu significado tão deturpado):


  • a mercantilização do Natal com a figura do simpático e bom velhinho a quem chamam de Papai (tá mais para avô!) Noel, distribuindo presentes meritocraticamente às crianças boazinhas e aos pais com condições financeiras de realizarem seus desejos
  • aliada à mercantilização vem o consumismo: desde cedo as crianças aprendem a desejar o Natal não por um momento de reencontro com as famílias, não pela proposta de lembrar do nascimento de um homem que a partir dele se criou toda uma doutrina. Mas sim, um momento de receber presentes, de exibir presentes, de se produzir coisas totalmente desnecessárias, de fazer a indústria lucrar terrivelmente às custas de trabalhadores que farão horas extras intermináveis e receberão (pra variar) baixos salários e nenhum direito, por empregos temporários e descartáveis
  • a meritocracia - ainda mais exaltada nesta época - (implantada desde cedo nas crianças: se você mereceu, se dará bem!) e que se reflete em toda a nossa vida, que é um misto de filosofia protestante com culpa católica
  • esse individualismo (reforçado nesta data) que mostra a caridade (numa única época, ainda por cima!) como suficiente para resolver os problemas do mundo - de maneira muito superficial, inclusive, como um prato de sopa a um morador de rua ou um panetone que o patrão dá a seus empregados depois de ter lhes explorado um ano todo para conseguir seus 300% de lucro durante os 12 meses 
  • a esse moralismo encontrado em livros de auto-ajuda, em vozes de machistas homofóbicos como Arnaldo Jabor e outros que fazem o tipo da Veja ou da Globo... regado de palavras bonitas sem nenhuma intenção de serem verdadeiras
  • a essa condescendência com as injustiças sociais, ao lugar social, a essa noção falsa de que no Natal somos todos iguais... 
Bom, tirando tudo isso, eu gosto do Natal e, não deixarei de desejar, a aqueles que desejarem, um Feliz Natal! 

terça-feira, 24 de maio de 2011

nessa noite uma flor morreu

Nessa noite, uma flor, desbotada e desajeitada, com algumas pétalas já arrancadas, morreu.

Nessa noite, não só uma flor morreu, mas todas elas, que plantadas estão no chão, plantadas não pelas mãos dos homens que usam terno e colarinho branco, mas plantada pelos que suam na terra,  sentem a terra, sofrem e vivem na terra e que produzem o feijão que o Brasil come, plantada pelos índios, plantada pelo vento, pelos animais da floresta, pela floresta.

Nessa noite, a amada mata dos bichos e dos homens da terra, lutaram com a motosserra dos homens do lucro e perderam. Em nome de uma defesa à soberania nacional, em nome de um desenvolvimento agrícola que está acima da vida dos homens, das leis, do bem e do mal, de qualquer um e de quaisquer coisas que atravessem o seu latifúndio monocultor de commodities que serão vendidas para depois do Oceano Atlântico, transportadas em ferrovias públicas com concessão ao capital privado, negociadas em uma bolsa de valores internacional, com os preços ditados por uns poucos outros de colarinho branco.

O falecido Código Florestal, quando o tomei pela primeira vez, já ouvia falar de sua fama: um orgulho saber que a legislação brasileira era uma das melhores do mundo e que tal código veio antes mesmo do nosso Chico Mendes, da sua luta e sua gente. Sabíamos sim, que tal Código necessitava de alteração, sabíamos sim que estava destatualizado, porque o conhecimento na área ambiental aumentou muito nessas décadas que se passaram e que ele deveria ser mais restritivo para abrigar a biodiversidade necessária a manutenção de todas as vidas que nas Florestas e das Florestas dependem.

O Código Florestal, agora assassinado pela bancada ruralista, latifundiários exploradores do sangue dos homens e do sangue da floresta, virou o Código dos Ruralistas ou Código da Motosserra. Choro por mais essa derrota, por mais esse avanço neoliberal que já permite que as licenças ambientais sejam "parciais" e inconstitucionais quando se trata de construir Belo Monte; que já permite que o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório - EIA/RIMA -  elaborados pelo IBAMA, sejam ignorados pelo então presidente da república, Lula, no caso da hidrelétrica do Rio Madeira; que a Transposição do Rio São Franscisco seja aprovada para que reine a especulação imobiliária na região e que se financie grandes empreiteiras; da aprovação dos transgênicos e de outras catástrofes como o próprio não cumprimento da legislação ambiental brasileira, provada pelo desmatamento ilegal da floresta (ou legal no caso do Mato Grosso).

Nessa noite eu sigo de preto pela rua cinzenta, vou de luto porque lutei pela floresta e por quem vive nela, luta pela terra, vive dela, sofre com ela e chora com ela. Em breve o Brasil será o celeiro do mundo, já que só serão palhas que restarão.

- Denise Vazquez Manfio

terça-feira, 29 de março de 2011

através das lentes é que eu vejo

Poesia e faço arte, me encanto e me divirto em cada passo, em cada verso que surge e que escapa pelo ar,
  atmosfera impregnada de poemas eternos e coloniais, que estão ali há tempos, são eternos e transversais, esperando que alguém os colha, recolha numa fotografia, e que vão


proliferar-se, encantar-se cada vez que um olhar pairar sobre eles. eu os colhi, mais eles ainda estarão lá, sendo colhidos por tanta gente, por tantas lentes. mas há muitos outros, mas há muitas gentes, mas há muitos dias e meses e anos e já se passaram o mesmo tanto. o importante é sentir o lirismo, o cheiro e a cor. 

sentir amor. 

Fotos e texto: Denise Vazquez Manfio

domingo, 6 de março de 2011

tanta coisa fora do lugar

Sei que
é preciso apagar a luz para ver tudo mais claro, às vezes só no escuro percebemos coisas que estavam diante de nós. mas o ano do tigre (de acordo com o horóscopo chinês) acabou (me abocanhou, feriu, mas não dilacerou). Entra agora o ano do Coelho - que por compensação (merecida ou não) é o meu signo nesse horóscopo. Me sinto contemplada duas vezes esse ano: a tal Era de Aquário (meu signo no outro horóscopo) também já vem sendo anunciada há algumas décadas e digo: entra de vez na minha vida! por favor! rs

 Acredito eu em muitas coisas, coisas que tem fortalecido minha fé no mundo e nas pessoas, apesar dos
 apesares, como diria uma velha amiga. Tenho cantado muito aquele trecho de uma música interpretada pela bela Luíza Possi: "tanta coisa fora do lugar ao meu redor". Boto fé que as coisas vão se ajeitando, vão se aprumando... e a gente vai aprendendo com a graça da vida, que por não ser perfeita, tem graça, porque tem suor e lágrimas, porque tem briga e desenganos, porque tem mentiras e calúnias e golpes. Mas tem amor, coragem, dignidade, alegria, afeto, aconchego, carinho, sinceridade e braços abertos para quem sabe abraçar. 


 Ser forte pra mim é saber chorar, é ser atacado, mas não desistir do mundo, e continuar acreditando, e continuar sonhando, e continuar crescendo e sendo leal, fiel a si mesmo.
Porque existem coisas lindas nascendo o tempo todo ao nosso redor, basta saber olhar. Esses daí estão na árvore da varanda da casa dos meus pais.

Todo o conhecimento do mundo não vale nada se não houver práxis