quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

o mito da democracia racial e cultural

(é importante observar que estou iniciando os estudos em sociologia, portanto,  minhas afirmações e suposições são meramente leigas)


No semestre passado, quando cursei a disciplina de Sociologia do Instituto de Geociências na Unicamp, tive como tarefa, elaborar um seminário junto com a querida amiga (e muito criativa!) Fernanda Almeida, sobre racismo e "jeitinho brasileiro" segundo o autor Roberto Da Matta em seu livro "O que faz do brasil, Brasil?".
- Apesar de eu não gostar deste método de "tipificar" e "idealizar" a personalidade brasileira¹ abordagem recorrente no livro de Da Matta, seu colóquio sobre as origens, as relações raciais, as implicações e a forma do racismo no Brasil são bem elucidativas!
Bem, não pretendo transcrever o trabalho aqui e sim relacionar com o fato:

A intolerância religiosa no Brasil existe! 


Relatos de perseguição religiosa, principalmente às afro-brasileiras, por parte de parlamentares que não sabem o significado de Estado Laico e que, portanto, utilizam a máquina do Estado para impor seus preceitos (que tantas vezes são nada menos que preconceitos) religiosos. Que fique claro que:


laicismo e a laicidade almejam a construção de uma sociedade em que um qualquer grupo social de aspiração dominante, tenha ele a matriz étnica que tiver, não possa impor, autoritária e totalitariamente, autocraticamente, aos demais elementos que a integram; uma sociedade onde se constitua um espaço público que efetivamente pertença a todos os indivíduos que nela convivem, sem exceção, todos eles isentos de constrangimentos autoritários de tipo identitário; uma sociedade livre, aberta e inclusiva, portanto.
Numa tal sociedade, o Estado, tem um papel fundamental na garantia de que esse espaço público permaneça neutro, ou seja, isento de marcas identitárias particulares, e que se mantenha disponível para o uso de todos os elementos que a integram, sem exceção, assegurando, designadamente, que nenhum grupo social, tenha ele a matriz étnica que tiver, dele possa se apropriar.


fontewww.laicidade.org/topicos/archives/


Como mostra a reportagem (surpreendentemente boa) da ISTO É:



fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/173822_O+AVANCO+DA+RIVALIDADE+RELIGIOSA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

A manutenção de uma suposta democracia racial e cultural se faz as custas de um preconceito velado, de uma hierarquização cultural racista. Admitir o problema não é gerar mais preconceito e segregação, é evidenciar o que a elite conservadora tem se esforçado para empurrar para debaixo do tapete!  

Afinal, "numa sociedade onde não há igualdade entre as pessoas, o preconceito velado é forma muito mais eficiente de discriminar pessoas de cor, desde que elas fiquem no seu lugar e “saibam” qual é ele” (Roberto Da Matta, O que faz do brasil, Brasil? 1984)


Portanto, denunciar a intolerância religiosa é um direito de toda brasileira e brasileiro! Está clara a relação entre racismo e intolerância religiosa no Brasil: o protestantismo vem da Europa, mais especificamente de países anglo-saxões, o estereótipo do homem branco, já a umbanda e o candomblé são originárias da África, cultuadas majoritariamente por negros e negras. A imagem da mulher negra, pobre e macumbeira, quase sempre associada a uma vida libertina (no sentido sexual principalmente) serve como justificativa para a criminalização da pobreza e da cultura africana, da mulher afro-descendente como objeto sexual acessível, disponível² e descartável. Noutro extremo, temos a família protestante: o homem branco, trabalhador, casto, tácito e sua mulher, mantida (praticamente) em cárcere privado, responsável pela casa e pelos filhos, isenta de qualquer vaidade e frígida, pois sexo é para gerar filhos e gostar de sexo é pecado.
Intolerância religiosa é crime! Por um Estado verdadeiramente Laico!

fonte: http://www.istoe.com.br/reportagens/173822_O+AVANCO+DA+RIVALIDADE+RELIGIOSA?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage
________________________
¹Que no meu leigo entendimento, são múltiplas, diversas, controversas, etc. etc., não gosto desse método geralmente utilizado por antropólogos porque particularmente não vejo objetividade metodológica, nem algum benefício tipificar ou idealizar uma dada sociedade e sim enxergo a possibilidade de se equivocar na análise, já que a imagem de uma sociedade está em constante transformação, bem como os conceitos, não tendo eu, tanta certeza de que essas tipificações acompanharam em tempo hábil essas transformações da sociedade, que  inclusive não é homogênea, no caso de um país "pluricultural" como o nosso.


² Na  novela da Globo, Fina Estampa, a mulata pobre aparece tomando banho de mangueira no quintal, a mulher negra sensualizada, estampada como objeto sexual.

2 comentários:

  1. concordo e tive essa msma leitura e todos falam e eu deconfio que eles querem no final ainda dizerem que aquelas ofensas são prova de amor.Eles não conseguem colocar um casal de raça diferente com relacionamento normal

    ResponderExcluir