quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Não estou a fim do carnaval


Chegou o frisson do ano, em nome da alegria, muitas fantasias desmedidas vão servir, muita risada vai se dar com muito confete e serpentina. Hoje foi um dia que combinou frio, chuva e sofá digno de um filminho à tarde com pipoca e qualquer bebida quente. Mas amanhã eu quero sair só na avenida do samba, ou sei lá mais o que toque neste tal de carnaval, eu desconheço.

A festa da virada do ano, natal ou festa junina, todas já perderam seu significado, viraram mais uma data de explosivas compras. Mas ainda há o que comemorar, ainda há razão ou desculpa, ainda se pode questionar seu sentido (ou a falta dele). Mas e o carnaval brasileiro? Muita purpurina, machismo, homofobia e racismo festejados.

No natal, desejei felicidade aos meus familiares e amigos, na virada do ano pulei as 7 ondas e pedi fé no mundo, o socialismo, a revolução. No meu aniversário, mais sentido para a vida.

Eu não estou feliz com o carnaval. E eu, que sou tão animada, não me contento com essa alegria desvairada, não me seduzo. Talvez esteja sendo chata demais, acadêmica demais ou esteja em um momento de solidão. Mas eu quero sair no bloco do eu sozinha, inebriar-me com um bom drama estrelado por Ricardo Darín (que é muito mais charmoso que o George Clooney), ler meu atual livro e correr pelas manhãs.

Não, não sou daquelas que não gosta da vida noturna e badalada. Mas sou de inspirar-me, de cantar um samba com alma, de misturar-me com a dança até perder o sentido. Tomar um boa cerveja, bater aquele papo com um bom amigo, dar risadas do real, do vivido, no bar que bota as mesas na calçada pra gente ouvir o som que vem da rua.

Porque mais do que qualquer alegria desmedida, quero sentir o que vivo. 

2 comentários:

  1. O carnaval é uma grande hipocrisia! Nele tudo pode, tudo é "aceito" pois é brincadeira... Esquecem-se todas as injustiças em nome da anestesia do carnaval! Belo texto

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  2. É verdade, nessa hora, uma mulher pode andar nua na rua, pois veste a fantasia de carnaval. Porém, quando uma mulher anda do mesmo modo pelas ruas em outras épocas do ano, é a chamada "puta" e portanto, consensua com a violência que pode sofrer dos homens.

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