quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

caminhando com a alma aberta


Hoje cheguei em casa no findar da tarde, havia um céu azul mesclado de nuvens brancas e um sol poente, apontando a oeste que o dia envelheceu. De forma habitual, abri as janelas do quarto, liguei o rádio e elegi Clube da Esquina 2 – Volume 1, que ganhei de alguém importante algum tempo atrás. A primeira música¹ começou a tocar e senti o frescor vindo do vento, da musicalidade de Milton e dos dizeres, os mais certeiros possíveis:
Rosa (2012)


"Vamos! Caminhando pelas ruas de nossa cidade
Viver derramando a juventude pelos corações
Tenha fé no nosso povo que ele resiste!
Tenha fé no nosso povo que ele insiste!"

Lembrei-me de imediato, da minha pequena participação nas lutas dos movimentos sociais, do sonho, do caminho já percorrido, dos desafios que temos pela frente. E uma alegria tomou forma em mim, cantei com paixão a canção, pois cada verso faz o mais perfeito sentido. Lutar. Pelos mais diversos motivos: pelo pão, pelo trabalho, pela formação, pela saúde da humanidade e do ambiente, pela diversidade. Sobretudo, lutamos pela igualdade, pelo fim da mercantilização do mundo e das pessoas.

Para cada passo que dei nesse sentido, havia dúzias de “não, não vá!”. O motivo principal residia na crença de que não é possível mudar, da impossibilidade de um sonho coletivo de emancipação do povo. Mas aí também mora o grande equívoco, é na exploração da sua força produtiva pelo patrão que a trabalhadora e o trabalhador se unem. Todxs são, invariavelmente expropriados e, na dor, no sofrimento, que a trabalhadora e o trabalhador têm a ferramenta para “caminhar de mãos dadas com a alma nova e cantar semeando um sonho que vai ter de ser real”¹.

Ouvi de amigas, que sou cabeça dura, que as pessoas não mudam. Mas o que são os socialistas senão caminhantes de alma aberta? Libertários que rompem amarras e acolhem a diversidade. Não, nego este título e digo mais: quem não se movimenta, se conserva no lugar, porque não sente as amarras que o prendem². 

Não importa se “o que foi feito de tudo o que a gente sonhou”³, ainda não vingou. O socialismo é semente que não morre, que lateja em cada trabalhador e trabalhadora explorados. “Outros outubros virão, outras manhãs, plenas de sol e de luz”.

E o que seria de nós sem esses grandes compositores, que exprimem em poucas palavras o hino das lutas do povo? Que nos inspiram a seguir lutando e caminhando com a juventude. 

¹: Credo – Milton Nascimento e Fernando Brant
²: Adaptação da frase de Rosa Luxemburgo
³:O que foi feito deverá - Milton Nascimento e Fernando Brant

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