sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Seu Zé

Um ônibus desvia sua rota e sua pele negra nem se preocupa com o perigo de atropelamento. Seu andar esforçoso, porém fatigado ao subir a Rua Teodoro Sampaio, conduz uma carroceria que remete há uma centena de anos e que até hoje não parece ter saído do cenário. Não destoa do habitual. Olhos baixos, conformados, reafirmam sua posição histórica. Apenas mais um catador de objetos rejeitados pela sociedade. Apenas mais um objeto rejeitado pela sociedade.

Não se sabe seu nome e afinal, por que se saberá?

2 comentários:

  1. A beleza realmente está nos olhos de quem vê, nesse caso no olhar de ver o outro por uma solidariedade que nos humaniza.

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    1. Obrigada. Acredito que é nossa obrigação ver essas pessoas invisíveis que alicerçam a sociedade. Escrever algo sobre elas é uma tentativa tímida de dar visibilidade. Mas ainda há muito mais o que fazer, cabe a nós garantirmos o direito à vida digna dessas pessoas.

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