quarta-feira, 2 de março de 2016

Das brechas

Ele me conta dos teus sentidos
Quando se move ao meu encontro
Teus dedos percorrem meu rosto para tirar algum cisco
Ou algum poro sujo de minha pele
Tua presença comedida, teus silêncios são teus talentos.
Seu gosto está nas bordas e brechas,
No samba que se toca ao fundo e na mão que de mansinho se apodera da minha.
Teu poema é me fazer sentir o doce envolto de uma crosta amarga
E sólida. Mas ligeiramente, apenas.
De tempos em tempos tento decifrá-lo e ele não está nos livros e enche-me de vírgulas.
Então o devoro, pousando meu corpo sobre seus desejos já revelados.

Já não és mais esfinge, és força, pulso e métrica.

Nenhum comentário:

Postar um comentário