sexta-feira, 25 de março de 2016

Das chaves


Na dúvida, ele fecha a casa com chave tetra para que a colega não interrompa
O gole nas taças,
A disposição das cadeiras,
E a música ao fundo
Com sua (in)evitável presença.
No fundo, ele sabe que vai resistir. Mas
Acaba desistindo diante da noite de chuva e fazendo sentir sua existência.
Mais uma vez.
Ele quer um poema mais profundo, que o descreva melhor. Mas a resoluta companheira
Só o faz provar o sabor amargo dos vislumbres das brechas. Fruto de sua alma,
Que se torna enigmática na medida em que é conhecida profunda e profundamente.
O que será o seu amor?
Um boleante sentimento, como o vinho que rega a noite?
Ou como um cacho do cabelo dela, que se desenha lentamente, na medida em que se vê livre dos traços de um pente?
Tal qual o som da mata, que aos nos silenciarmos toma forma, é assim que tudo

(ou quase tudo) deve ser.

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