sexta-feira, 6 de agosto de 2010

transpirações na vida


“Eu corro, eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida” - Cazuza e Frejat
Mas que momentos são esses rememoráveis sem o véu da divertida insensatez?
Um bom papo com os amigos, pode com um vinho ou não rolar. Mas será quantificada a alegria que alguém tomou? Ou será que não foi adição de mais ilusão ao tentar preencher seus vazios no copo?
Trago exclamações embaçadas de alcatrão.
Agora compreendo a expressão “viver a vida”. A plenitude não está nas coisas exteriores, mas sim naquelas que podem ser tomadas interiormente. São os goles do enriquecimento pessoal, mas não aquele popular, adornado de douradas correntes, cheias de títulos, é algo que pesa, porque é difícil de ser encarado e escancarado na comissão de frente.
Para viver a vida plenamente, sem marcar data para momentos especiais, quero rememorar.
Quero as gargalhadas numa fila de banco. Quero os filmes contados no caminho de casa. As cenas ensaiadas na calçada. Os convites para um DVD. Uma conversa de esquina. Uma Lua e um céu cheio de estrelas para se admirar.
Sábado à noite tudo pode rolar. Que role então aquela conversa com os amigos e que assistam o programa de humor que nunca dá tempo. Que dividam-se colchões e usem meias coloridas e percam a hora de acordar. E que corram atrás do ônibus, que se percam no centro da cidade e tenham os cabelos presos sem pentear.
Sentir-se seguro no que é ridículo, abandonar as capas de super-homem e spice-girl e revestir-se de si mesmo. A armadura pesa e é o preço a se pagar. Armar-se de suas inocências, próprias opiniões e virtudes; contra a hipocrisia, a opressão e a falsa concepção de “viver a vida”, pois criar para si um mundo encantado é viver num castelo de cristal. (14/06/08)

Um comentário:

  1. um colchão num dia frio, longe de casa, faz parte de um capítulo que descreve um encontro, uma prosa e uma cerveja. a vida é surpreendente e engraçada, como um bilhete no sapato,escrito no escuro, durante a madrugada.

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